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July 2018, Paula Dume

Financiamento bancário e operações de grande calibre marcam 1° semestre no mercado de M&A

Transações foram pautadas tanto pelo cenário econômico nacional quanto mundial

O cenário de fusões e aquisições neste primeiro semestre foi dominado por bancos estrangeiros e brasileiros financiando uma considerável parcela das operações de grande calibre no país, como a compra da Eletropaulo pela italiana Enel, da americana National Beef pela Marfrig, entre outras.

Aquisição da Eletropaulo e papel da CVM

Realizada por meio de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA), a aquisição de 74% da Eletropaulo pela italiana Enel foi marcada principalmente pelo comportamento do mercado e dos órgãos reguladores diante da batalha de lances pelo controle da distribuidora de energia paulista. 

A CVM, de forma inédita, suprimiu a competição lance a lance e determinou prazos para que as companhias interessadas divulgassem suas ofertas finais pela Eletropaulo, além de permitir que terceiros interessados em intervir na disputa pudessem fazer lances no dia do leilão, sem divulgação prévia do valor de suas ofertas.  

Cade no primeiro semestre 

No primeiro semestre do ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou mais operações do que rejeitou. Dentre as que receberam aval da autoridade antitruste, destaque para a parceria entre as concorrentes Airbus e Bombardier, a venda das operações do Walmart no Brasil para a gestora americana de investimentos Advent, a fusão internacional entre a empresa francesa Essilor e a italiana Luxottica, a participação do Itaú no capital da XP e a aquisição do complexo da Vale Cubatão Fertilizantes pela Yara International, entre outras. A compra da Piraquê pela M. Dias Branco também despertou a atenção do mercado e foi aprovada sem restrições.

Em fevereiro, o Tribunal do Cade vetou a aquisição do controle da Liquigás pela Ultragaz. Na avaliação do órgão, a compra elevaria a possibilidade da Ultragaz exercer sua posição dominante no mercado de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Além dessa rejeição, Nadir Figueiredo e Owen Illinois desistiram de seguir com o negócio após a Superintendência-Geral (SG) do Cade já ter recomendado a rejeição da aquisição dos ativos para a produção de utilidades domésticas de vidro da Owen Illinois. 

Aberturas de capital de empresas

O ano começou com um número considerável de ofertas iniciais de ações (IPOs) registradas na CVM, porém 12 empresas que pretendiam realizar suas ofertas de ações, primárias ou secundárias, desistiram ou adiaram a operação neste semestre. Mesmo assim, as ofertas da NotreDame Intermédica, Hapvida e Banco Inter movimentaram R$ 6,8 bilhões tanto em emissões primárias quanto em distribuições secundárias de ativos. 

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o montante arrecadado com os IPOs até o mês de abril foi praticamente o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, cujo valor foi de R$ 3,5 bilhões.

Segundo trimestre no Brasil 

Segundo dados do relatório da Transactional Track Record (TTR) referentes ao segundo trimestre do ano, o número de operações de fusão e aquisição no país sofreu um recuo de 14,23%, comparado ao mesmo período do ano passado. No total, foram 217 transações. A compra da Eletropaulo pela Enel foi eleita a transação do segundo trimestre. 

Os setores que mais acumularam operações foram os de tecnologia, com 48 operações, financeiro e seguros, com 33, distribuição e retail, com 22, e saúde, higiene e estética, com 19.

Segundo trimestre nos EUA

Segundo um relatório da MergerLine divulgado nesta segunda-feira (2), 21 fusões ocorreram entre os escritórios de advocacia dos Estados Unidos no segundo trimestre deste ano, elevando o total das operações para 51 até o momento. 

Em 2017, foram anunciadas 52 transações entre os meses de janeiro e junho, segundo informações do Law 360. A marca de 102 fusões, estabelecida em 2017, pode ser superada antes do final do ano. Os principais estados americanos que concentraram operações de aquisições no segundo trimestre foram Nova York, Pensilvânia, Califórnia, Colorado, Washington, Oregon e Havaí. 

Internacionalização das operações

Há também, conforme Luis Augusto Motta, sócio da KPMG responsável por assessoria em fusões e aquisições, um movimento de empresas brasileiras fazendo aquisições fora do país, ou seja, internacionalizando suas operações, e eventualmente suas marcas, justamente para ganhar escala. Os grandes frigoríficos são um exemplo desse tipo de operação. 

Viktor Andrade, sócio-líder de fusões e aquisições da Ernest Young no Brasil, tem visto empresas vendendo algumas marcas ou linhas e comprando outras para se adequar ao mercado ou para se ajustar às imposições de órgãos reguladores. Um outro movimento notado pelo executivo é o de companhias aproveitando o difícil momento econômico para comprar ativos que não estariam à venda em outras condições ou estariam disponíveis por preços bem mais altos.


Source: LexisNexis - Brazil 


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