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Jornal do Comércio UOL

April 2017, George Lippert Neto

Fusões e aquisições como oportunidade

O ano de 2016 foi marcado por gran- des acontecimentos. Vimos a maior esta- tal do País abrir mão de diversos ativos, mergulhada em uma dívida de US$ 100 bilhões. A compra de grandes bancos dividiu espaço nas páginas de negócios. Crescer em tempos de crise econômica e instabilidade política é um desaio para as empresas. Por necessidade de caixa ou até mesmo para acessar novos mercados, são uma oportunidade de crescimento.

O cenário político e econômico do País afetou o número de fusões e aquisições no primeiro semestre — houve queda de 29% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, de acordo com dados da PwC. No entanto, com as novas medidas adotadas pelo governo, os negócios, aos poucos, foram se ajustando. Informações da plataforma Transactional Track Record mostram que, de janeiro a outubro, o mercado brasileiro teve 833 transações dessa ordem. Isso demonstra um cresci- mento de 3% em relação ao mesmo perío- do de 2015. Só entre setembro e outubro, os meses mais movimentados, foram 201.

Um dos principais destaques em 2016, foi a aquisição da Estácio pela ri- val Kroton, criando uma gigante do setor de educação universitária. A operação foi fechada em R$ 5,5 bilhões. No setor bancário, também houve movimentação. O banco Bradesco concluiu a compra do HSBC Brasil, com um pagamento de  R$ 16 bilhões. E o Itaú Unibanco supe- rou o Santander na disputa inal pelos ativos de varejo do Citibank no Brasil, e comprou a operação da instituição inan- ceira norte-americana no País por R$ 710 milhões. No apagar das luzes deste ano, a mineradora Vale anunciou a venda de ativos de fertilizantes para a Mosaic por aproximadamente 2,5 bilhões de dólares.

Por outro lado, o Brasil vive uma seca de aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês). Não houve nenhuma em 2016. A percepção, no entanto, é de que uma reto- mada de coniança dos investidores rea- cenderá o mercado de capitais para novas captações em 2017. Quem mereceu desta- que no turbulento ano de 2016 foi o setor de Tecnologia da Informação. Um estudo divulgado pela KPMG no Brasil mostra que, no terceiro trimestre de 2016, têm se intensiicado operações de fusões e aqui- sições neste setor, totalizando 25 transa- ções. É compreensivo que esses segmen- tos de tecnologia e informação sejam os líderes no ranking de F&A, já que o setor permanece aquecido, com startups que desenvolvem produtos novos, contribuin- do para a modernização de instituições privadas e públicas. No entanto, há uma questão a ser considerada: geralmente, as startups são compostas por equipes re- duzidas e não possuem capital suiciente para continuar investindo. Sendo assim, muitas fracassam, duram pouco tempo ou simplesmente buscam fusões para salvados negócios.

Optar por F&A não é uma solução sim- ples para problemas internos e ameaças mercadológicas. As empresas envolvidas precisam capturar as sinergias, integran- do os valores das duas marcas e planejan- do cada passo para continuar crescendo.

Os gestores são importantes na condu- ção e construção das sinergias, devendo ter habilidades como saber negociar em diversas situações intrínsecas em um processo de F&A, ter conhecimento de múltiplos setores, visualizar as diversida- des culturais e gerir as expectativas dos colaboradores, que geralmente pensam que serão demitidos. O objetivo precisa estar muito claro para os recursos huma- nos, mostrando que as mudanças visam a tornar a empresa mais competitiva para continuar a crescer e garantir o emprego. Uma forma de fazer isso é trabalhar a co- municação corporativa, por meio de reu- niões frequentes com as equipes, divulgar a missão, visão e os valores da empresa.

Os empresários brasileiros estão com- preendendo que, vista por vários ângu- los, uma fusão ou aquisição pode ser algo positivo. Ou seja, é um processo de adap- tação da cultura dos negócios no País e uma forma de vencer as crises. Trata-se de prática comum em nações desenvol- vidas, como nos Estados Unidos e, quem sabe, torne-se opção cada vez mais viável para a estratégia de negócios dos empre- sários no Brasil.


Source: Jornal do Comércio UOL - Brazil 


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