As aquisições de empresas brasileiras por compradores dos Estados Unidos caíram 25% no acumulado do ano até 23 de junho de 2020, em comparação com igual período de 2019, segundo relatório especial da plataforma Transactional Track Record (TTR), obtido pelo Broadcast, que será divulgado amanhã (25/06) ao mercado.

De acordo com as fontes consultadas, três meses depois que o Brasil começou a implementar sua resposta à ameaça SARS-CoV-2 (Covid-19), os dealmakers (negociadores) relatam bons níveis de confiança em uma recuperação da dinâmica transacional, no final do primeiro semestre de 2020, e apontam que o ressurgimento da atividade de fusões e aquisições (M&A) será impulsionada pela queda no preço dos ativos.

Segundo o relatório, o setor imobiliário está entre os quatro mais ativos em número de transações, porém com um declínio de 20% em relação ao no mesmo período do ano passado. Já o setor de saúde assistiu a um aumento em 8% no número de transações em relação ao mesmo período do ano passado.

Para Carlos Mello, sócio do Lefosse Advogados, o mercado de fusões e aquisições reacenderá no segundo semestre. "O ressurgimento da atividade de M&A será impulsionada pela queda no preço dos ativos graças à força do dólar contra o real", disse Mello.

A economia está começando a se recuperar, então as fusões e aquisições devem subir no segundo semestre de 2020, segundo Felipe Bittencourt, Head of Financial Advisory da Vinci Partners. "Haverá consolidação em certos setores, e empresas com acesso ao capital estarão melhor preparadas para ganhar mercado organicamente ou através de aquisições", disse Bittencourt.

Mercado de capitais

Não obstante a queda imediata provocada pelo bloqueio econômico no mundo, o mercado de capitais no Brasil permanece extraordinariamente atraente, disse Tourinho. A queda de Dilma Rousseff do poder em 2016 coincidiu com o início de uma muito poderosa transformação da economia brasileira, disse João Tourinho, CIO da GOW Capital.

"O mercado de capitais tornou-se assim uma fonte chave de financiamento para empresas brasileiras, uma situação que veio para ficar, independentemente da ameaça aos negócios causada pela crise sanitária. O medo envolvendo o SARS-CoV-2, e a medidas impostas para conter a ameaça levaram a um hiato momentâneo do boom no mercado de capitais, sem dúvida, exacerbados por toda a incerteza associada, mas é um processo que está já estabelecido e faz parte da dinâmica para empresas brasileiras", disse Tourinho.

"O IPO recente da Estapar é um excelente exemplo da resiliência do mercado acionário brasileiro, mesmo no meio de uma experiência de crise sem precedentes", observou Carlos Mello, que, ao lado do escritíorio norte-americano Shearman & Sterling, assessorou os bancos na oferta.

"A surpreendente recuperação no mercado de ações brasileiro já inspirou outras empresas a se preparem para entrar no mercado", disse Mello, observando que o Lefosse Advogados tem estado em outra operação que será anunciada em breve.


 

Source: Broadcast - Brasil