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julio 2018, Paula Dume

Cenário pré-eleitoral preocupa, mas não tira apetite de investidores estrangeiros

Melhora da economia americana aquece busca por ativos; internamente, Eletrobras agita o mercado

A volatilidade do mercado antes das eleições de outubro pode gerar incertezas e enfraquecer o apetite dos investidores estrangeiros, que preferem esperar por um cenário político mais definido antes de voltarem a atuar em operações de fusões e aquisições no país. Mas há exceções. 

A recuperação na economia americana fomentou a reserva de capital estrangeiro para investimentos. Thiago R. Maia, sócio da área de M&A e private equity do Demarest Advogados, explica que há uma pressão para alocar parte desses recursos em países emergentes. “Hoje não temos tanta certeza de que os investidores vão esperar as eleições passarem. Temos sido procurados por clientes para iniciar operações e sentimos que existe uma pressão lá fora para começar esse movimento de aquisições de ativos”, diz Maia. 

O advogado conta que investidores estrangeiros têm procurado o escritório para avaliar alguns ativos com uma frequência cada vez maior, especialmente para deals em que o ticket-médio é um pouco mais elevado e relacionados ao setor de infraestrutura. Maia observou que também tem visto operações com financiamento bancário e transações 100% captadas no exterior.

No cenário interno, o que mobilizou a atenção do mercado foi o embate de liminares que tentava barrar a venda das distribuidoras da Eletrobras. Depois de o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, negar um pedido de cancelamento, no dia 26 de julho a Equatorial Energia levou a concessão da Companhia Energética do Piauí (Cepisa) em leilão na B3, no qual foi a única proponente. Amazonas Energia, Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Boa Vista Energia e Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre) serão licitadas no dia 30 de agosto, após a aprovação do Projeto de Lei (PL) 10.332/2018, que passou pela Câmara e tramita no Senado. Apenas o certame da Companhia Energética de Alagoas (Ceal) segue suspenso por conta de uma liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski.  

Movimentações no Cade

Os setores de agronegócio, saúde, energia e alimentício concentraram o maior número de operações notificadas e aprovadas sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) neste mês. 

Dentre as que receberam autorização da autoridade antitruste, destaca-se a compra do controle do Hospital Samer pela Rede D’Or, no segmento de saúde, e para a aquisição da fatia remanescente de 50% da Moinhos Cruzeiro do Sul pela Andorsi do Brasil, que assumiu o controle da empresa. 

Grandes operações que estavam em tratativas há um tempo também foram submetidas ao crivo do Cade em julho, como a combinação de negócios entre a Sapore, terceira maior empresa de refeições coletivas do país, e a IMC, dona das redes Frango Assado e Viena, que obteve aval da Superintendência-Geral (SG) do órgão e a fusão das atividades ferroviárias da francesa Alstom com as da alemã Siemens, anunciada em setembro do ano passado, que ainda aguarda um parecer da órgão. 

A superintendência acolheu duas solicitações de intervenção de terceiros interessados: uma da Bombardier, referente à fusão entre Alstom e Siemens; e outra da americana International Paper no processo que envolve a aquisição da Fibria Celulose pela Suzano Papel e Celulose. A autoridade indeferiu ainda o pedido da Royal Golden Eagle (RGE), de Cingapura, que também queria ingressar no caso Suzano-Fibria.

A autoridade antitruste também foi notificada sobre uma grande operação internacional, anunciada em dezembro do ano passado. Após uma batalha de lances com a Comcast, a The Walt Disney Company arrematou a compra da Twenty-First Century Fox por US$ 71,3 bilhões. A operação será analisada pelo órgão brasileiro e passará ainda pelo crivo de outras entidades reguladoras no exterior.

No acumulado de julho

Segundo dados da Transactional Track Record (TTR), extraídos até 27 de julho, os setores que mais acumularam operações no Brasil foram os de tecnologia (12 deals), financeiro e seguros (11 deals), saúde, higiene e estética (8 deals) e distribuição e retail (5 deals).  

O número de operações de fusão e aquisição no país sofreu um recuo de 30,12% neste mês, comparado ao mesmo período do ano passado. No total, foram 58 transações, sendo 39 de M&A, 13 de venture capital e 6 de private equity.

IPOs no país e no mundo

Até julho, somente três companhias realizaram suas ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) na bolsa paulista. As operadoras de planos de saúde NotreDame Intermédica e Hapvida e o Banco Inter movimentaram cerca de R$ 7 bilhões em emissões primárias e em distribuições secundárias de ativos. 

Devido à volatilidade do mercado brasileiro, pelo menos R$ 6 bilhões em ofertas de ações foram adiadas ou suspensas, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. Banrisul Cartões, Agibank, Bunge Açúcar & Bioenergia e JHSF Malls realizaram seus pedidos de ofertas para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas decidiram adiar suas operações. A Quero-Quero, que pretendia fazer seu IPO até meados de julho, também recuou.

A Blau Farmacêutica, que em novembro do ano passado havia feito o primeiro para um IPO na autarquia, viu seu prazo vencer após ter solicitado a suspensão de sua oferta devido à baixa demanda de interessados em sua operação. Ela decidiu realizar um novo pedido de IPO no início deste mês, mas ainda não há uma data marcada para a venda.

De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria PwC, as aberturas de capital movimentaram US$ 110,3 bilhões mundialmente no primeiro semestre deste ano. A cifra, no entanto, representa um decréscimo de 47% comparado ao mesmo período do ano passado. 

O maior IPO registrado fora do país foi o da empresa de tecnologia médica Siemens Healthineers, que levantou US$ 5,2 bilhões na bolsa alemã Deutsche Börse, conforme reportagem do jornal Valor Econômico. Dentre os países que mais fizeram ofertas de ações, os Estados Unidos encabeçam a lista com 32%, seguidos pela China, com 12%, e por Hong Kong, com 10%. 


Source: LexisNexis - Brasil 


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